Superar os limites do corpo e da mente é o combustível de quem pratica o triathlon. Para João Marcos Meira Pinto, aluno do núcleo Oswaldo Cruz da Escolinha de Triahtlon Formando Campeões, a escolha por nadar, pedalar e correr trouxe um outro tipo de superação.

O esporte o ajudou a controlar o nível de açúcar no sangue, algo crucial para quem tem diabetes.

Cerca de 463 milhões de pessoas no mundo, 9,3% dos adultos entre 20 e 79 anos, vivem com diabetes, segundo dados da Organização Mundial da Saúde.

Além disso, 1,1 milhão de crianças e adolescentes com menos de 20 anos apresentam diabetes tipo 1.

Nesse tipo de diabetes, a insulina não é liberada para o corpo, e a glicose fica no sangue, ao invés de ser usada como energia. O tratamento envolve insulina, medicamentos, planejamento alimentar e atividades físicas.

João Marcos, de 15 anos, foi diagnosticado com diabetes tipo 1 em abril do ano passado, quando teve de ser internado na UTI, com cetoacidose diabética.

Nessa situação, o paciente tem níveis muito altos de açúcar (glicose) e cetonas no sangue. As cetonas são substâncias ácidas que desequilibram o Ph do sangue e podem levar ao coma e até à morte.

Depois do susto, a transformação. João Marcos começou a fazer o tratamento com aplicação de insulina duas vezes ao dia, e passou a ter uma alimentação com menos carboidratos e sem açúcar.

Por orientação da endocrinologista, procurou uma atividade física e encontrou no triathlon um grande aliado.

“Ele já fazia exercícios, mas na Escolinha de Triathlon passou a praticar todos os dias, o que trouxe melhoras no diabetes. Antes, a glicose no sangue chegava a 500. Hoje, fica entre 100 e 200”, comemora a mãe, Michele Meira Pinto.

“Melhorou tudo, inclusive a disposição para realizar tarefas simples, que ele não conseguia fazer.”

Controle durante o treino de triathlon

Um treino de triathlon pode ter uma longa duração e requer intensidade e resistência aeróbica. Isso exige um monitoramento constante do nível de glicose no sangue, que pode ser controlado com a aplicação de insulina ou consumo de carboidrato.

Devido ao isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, os treinos da Escolinha de Triathlon estão sendo realizados virtualmente, por meio de vídeos diários no Youtube e encontros ao vivo no Google Meet.

As aulas têm priorizado exercícios funcionais e técnicas de corrida e ciclismo. Por isso, João Marcos não tem necessitado de cuidados maiores.

“Ele aplica uma dose de insulina pela manhã e outra durante o dia, para controlar a glicose. Se ele tiver algum sintoma, mede novamente a glicose. Mas tem se sentido muito bem após os exercícios,” conta Michele.

“A atividade física é o melhor remédio.”

Com o retorno aos treinos presenciais, com sequências de natação, ciclismo e corrida, os cuidados terão de ser maiores. Mas João Marcos já está ansioso para fazer a sua primeira prova.

“Adoro escutar meu professor de xadrez, que também é triatleta, falando das competições que ele já disputou”, conta o aluno, que, entre outras atividades, também joga xadrez e toca violino na Orquestra Projeto Vida e Arte e na banda do Colégio da Polícia Militar do Paraná. “Eu me apaixonei pelo triathlon, vou levar para a vida.”

Formando Campeões

A Escolinha de Triathlon Formando Campeões, iniciada há cinco anos em Curitiba (PR), é hoje um modelo de formação da modalidade no País. Idealizado pelo atleta olímpico curitibano Juraci Moreira, contempla mais de 500 crianças e adolescentes em 11 núcleos espalhados pelo Paraná, São Paulo e Ceará.

O Paraná conta com sete núcleos, seis deles em espaços mantidos pela Prefeitura Municipal de Curitiba: Boqueirão, Centro, CIC, Cajuru, Boa Vista e Santa Felicidade, em espaços mantidos pela Prefeitura de Curitiba. Juntos, os seis núcleos atendem 240 alunos. As crianças contam com todos os equipamentos necessários e são treinadas por especialistas na modalidade.

A Escolinha de Triathlon Formando Campeões é viabilizada pela Lei de Incentivo ao Esporte, programa da Secretaria Especial do Esporte, Ministério da Cidadania e Governo Federal com a execução da Federação Paranaense de Triathlon, com apoio da Prefeitura Municipal de Curitiba. A Volvo é a patrocinadora exclusiva do projeto nos núcleos da prefeitura.

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