*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.b
Inicio o artigo com esse termo pouco usado no nosso linguajar cotidiano. As pessoas que caminham pelo Molhe da Atalaia, rumo ao Farol não tem consciência que essa caminhada só é possível graças à concepção genial dos tetrápodes, um neologismo de origem grega que designa os quatro pés, ou mais comumente denominados de “Pés de Galinha”.
Ao lado do Museu, na Praça Arno Bauer, temos um belo exemplar do Tetrápode com a sua definição, inscrita em uma placa de bronze. Eis a definição: “ Tetrápode ou “pé de galinha” é um bloco de concreto fundido pela empresa Cobrazil, em 1948, pesando 8 toneladas, para formar a malha de proteção dos molhes, quebrando a força das ondas do mar, garantindo o seguro acesso ao Porto pelo canal do rio Itajaí Açu, junto à sua Foz”. Inicialmente, parabenizo as pessoas que tiveram essa feliz ideia de fixar um tetrápode em plena rua Hercílio Luz, visível a todos os transeuntes.
Quem teve essa ideia, certamente pensa com competência e sensibilidade a memória de nossa Pequena Pátria que deve quase tudo ao seu Porto, a partir do hercúleo esforço para disciplinar as águas do rio Itajaí Açu. Uma vitória de engenharia hidráulica brasileira, tão bem executadas pela empresa Cobrazil, cujo prédio ainda sobrevive no caminho de Cabeçudas. Prevaleceu a solução das Tetrápodes ou “pés de galinha”.
E, graças a elas, temos uma solução perene e definitiva, possibilitando o uso crescente de nosso Porto, e, também, a intensa atividade pesqueira que caracteriza Itajaí, um destaque nacional. Escrevo essas coisas após uma reunião no auditório do Porto de Itajaí, uma elucidativa apresentação sobre “Aplicação do conceito holandês ao delta do rio Itajaí”, uma discussão com as partes interessadas sobre a influência da resiliência em relação às enchentes no Vale do Itajaí”. Uma bela apresentação de engenheiros brasileiros e holandeses, mostrando algumas semelhanças entre as situações geofísicas de ambas as regiões
A Holanda, também conhecida como Países Baixos, tem uma boa parte de seu território em um nível abaixo do mar, uma vulnerabilidade que foi ( e é) enfrentada, graças ao engenho humano, um conjunto de soluções diversificadas, orientadas para conter a fúria das marés e das enchentes. No decorrer de nossa história, catarinense e local, convivemos com grandes enchentes, devastadoras, ainda presentes na memória de muita gente que sentiu na pele a dor do flagelo. Há soluções, técnicas, de engenharia avançada, dentro de uma concepção mais moderna, dentro dos conceitos de desenvolvimento sustentável.
O lema dominante pode ser “ espaço para o rio”, uma novo modo de olhar o rio Itajaí Açu, tão maltratado e esquecido, dentro do senso comum. Brasileiros e holandeses, juntos, atingirão, certamente, um maior disciplinamento do rio, através de um melhor escoamento das águas, evitando as grandes enchentes, dando mais segurança à nossa população.Com a revitalização da indústria da construção naval, com a encomenda das quatro fragatas pela Marinha de Guerra, nossa Itajaí vai deslanchar, definitivamente.
Parabenizo o Prefeito Volnei Morastoni pela consolidação do ambiente náutico.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br