*Célio Furtado, Engenheiro e professor da Univali, celio.furtado@univali.br

Estamos no final de maio, muita seca, o frio chegando e as noticias cotidianas, sobre as mortes crescentes devido a pandemia. Tristeza e insegurança por toda parte; estamos vivendo uma crise inédita, de contornos imprecisos e de duração indeterminada.

   Clamamos pela solução apresentada pela ciência oficial, estabelecida, nos inúmeros laboratórios espalhados por todo o mundo. Também as mentes fervorosas, as pessoas de fé fazem suas preces, orações diversas, para um Deus comum, na espera de um milagre. Trata-se de um fenômeno biopsicossocial, que exige uma saída biológica, psicológica e sociológica, pelo menos na questão do contágio.

   Estamos tratando de um inimigo misterioso, poderoso e invisível, que escapa ao senso comum e ao olho nu. Estatísticas assustadoras, mortes diárias, um percentual em torno dos 7% de óbitos no cômputo geral dos contaminados. Aqui em Itajaí, graças a  ação competente do Executivo Municipal, do médico Prefeito Volnei Morastoni, estamos nos defendendo bem. A população está atendendo bem às orientações dos profissionais de saúde, de modo que os números fatais estão estabilizados.

  Quando há liderança e credibilidade no poder central, no caso municipal, os cuidados são tomados e vidas preciosas são poupadas, pois sabemos que a vida é um dom de Deus. Máscaras, álcool e isolamento social, a solução ideal. No plano nacional, não acontece o mesmo. Desemprego e retração do PIB ( perto dos 10%). O Brasil é um vasto território, um subcontinente, com uma forte concentração de renda e uma visível e crescente desigualdade social.

   A pandemia cresce nas mais diversas regiões, nas grandes cidades e no norte e nordeste do país. Há uma visível dificuldade no enfrentamento do grave problema por parte do Executivo, principalmente pela atuação insuficiente do Presidente da Republica, cada vez mais nítido o seu despreparo para tão alto cargo. Tem voto, tem uma legião de seguidores fanáticos (33%) do eleitorado, porém, “não é do ramo”, nunca dirigiu nada, nunca empreendeu, foi um parlamentar obscuro, improdutivo e inexpressivo.

  No entanto, caiu no coração do povo que depositou uma confiança cega no “mito”. Num intervalo de menos de um mês, caíram dois Ministros da Saúde, dois médicos experientes e competentes, pelo fato de não estarem afinados com a orientação “médica” do capitão Bolsonaro.

   Na cultura, caiu a atriz Regina Duarte, inexpressiva. A fixação obsessiva do Presidente por um medicamento não comprovado sua eficácia, cloroquina. Um fato relevante que compromete toda a confiança e vai impregnando de pessimismo uma multidão que espera uma solução imediata, para a cura ou, melhor dizendo, para não morrer.

   Além do mais, o Presidente está sendo questionado por diversas ações que tem um potencial para desaguar em um possível processo de impeachment. Isso não é bom, gera um problema de instabilidade politica, sendo um “prato cheio” para as tentações golpistas, sonho de uma considerável faixa da população, de extrema direita, de forte conotação nazi fascista.

Um risco concreto de jogarmos fora todo um precioso acervo democrático, conquistando na luta pelo sofrido povo brasileiro.

Nada de retrocesso, retorno ao obscurantismo.

Cenário turvo!

  • Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br

NR: Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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