A vela brasileira continua com bons resultados na competição olímpica de Tóquio 2020 após três dias de competição em Enoshima. Na madrugada desta terça-feira (27), foram realizadas regatas das classes Laser e as estreias de 49erFx, 49er e Finn envolvendo atletas da Equipe Brasileira de Vela.
O bicampeão olímpico Robert Scheidt, que tenta seu sexto pódio olímpico e sete edições, é o terceiro colocado na classificação geral. O atleta paulista teve o seu melhor desempenho até aqui terminando com 33 pontos, 15 a mais que o primeiro colocado Pavlos Kontides do Chipre que acumulou 18.
A recuperação das atuais campeãs olímpicas foi o destaque do dia. Na primeira regata, Martine Grael e Kahena lideravam, mas a escota do balão ficou presa entre a asa e o casco no primeiro popa. Com isso, a dupla de 49erFx perdeu posições e terminou em 15º.
No intervalo da primeira para a segunda prova, as imagens oficiais de Tóquio 2020 mostraram Torben Grael orientando Martine e Kahena. O bicampeão olímpico é chefe da equipe brasileira em Enoshima.
Na largada da segunda prova, a dupla envolveu o barco com outros dois, das duplas do Peru e Singapura, e pagou uma penalidade de uma volta. Porém, as brasileiras conseguiram se recuperar e terminaram na quinta colocação.
A terceira prova foi a melhor do dia para as brasileiras, que mostraram controle e evolução. As duas venceram a regata e terminaram na terceira colocação geral no dia, com um total de 6 pontos, quatro a mais que a dupla que lidera a competição na classe: as inglesas Charlotte Dobson e Saskia Tidey.
Na 49er, Marco Grael e Gabriel Borges fizeram a estreia nos Jogos e na única regata do dia ficaram na oitava colocação. A dupla volta a competir na quarta-feira em Enoshima para se manter entre os primeiros.
As regatas do Finn foram as últimas do dia com Jorge Zarif fazendo sua estreia no Japão. O atleta, campeão mundial de 2013, ficou com a 13ª colocação geral com duas regatas realizadas (22 pontos). O tunisiano Alican Kaynar é o primeiro colocado por enquanto, com dois pontos.
”Foi um dia muito bom para a vela brasileira, com resultados entre os 10 primeiros e vitória de Martine e Kahena. Gostei dos desempenhos de todos até o momento”, disse Ricardo Lobato, especialista em vela.
Assessor técnico e de regras da Equipe Brasileira de Vela, Nelson Ilha está em sua oitava olimpíada na carreira e comentou sobre como as condições climáticas podem influenciar em uma mudança de posições. “Aqui está passando o tufão, que provável vai passar amanhã em Hiroshima. Então hoje ainda tinha uma frente local que veio de Oeste e que está afrontando o tufão vindo do mar e isso faz o cenário ficar muito diferente do normal”.
”Hoje o vento foi mais Sudoeste chegando a ser Noroeste, mas depois parou, isso fez as Regatas serem canceladas porque a condição do vento está muito anormal, por conta do tufão. Essas condições fazem o tempo estar imprevisível”, disse o juiz internacional e consultor da equipe.
”Conseguimos ver esses ventos rondados e notar como é fácil perde posições, enquanto é difícil ganhar posições. Isso também em função do grupo ser forte e as regatas curtas e com mais voltas. Então cada boia todos chegam muito juntos e acirrados!”, concluiu Nelson Ilha.
470 e Nacra estreiam
As últimas classes da vela olímpica estreiam em Tóquio 2020 na madrugada desta quarta-feira (28) em Enoshima, local das regatas olímpicas. As primeiras provas de 470 feminino e masculino e as duplas mistas do Nacra começam a ser realizadas a partir de 00h05 (Horário de Brasília).
Na classe 470 feminina o time Brasil conta com a medalhista olímpica Fernanda Oliveira ao lado de Ana Barbacena e na classe Nacra 17 a dupla mista brasileira é composta por Samuel Abrecht e Gabriela Nicolino.
Depois de seis regatas disputadas, a classe Laser terá um dia de off nesta quarta-feira (28). A categoria do bicampeão olímpico terá 10 provas na fase de classificação. A decisão da classe Laser será no domingo (1º) com os 10 melhores velejadores da fase inicial. A medal Race tem pontuação dobrada e não tem o descarte do pior resultado.
Texto: CBVela
Foto: © Sailing Energy / World Sailing
Equipe Brasileira de Vela e seus clubes
470 Masculino: Henrique Haddad | Bruno Betlhem ICRJ / RJ
470 feminino: Fernanda Oliveira | Ana Barbachan | CDJ / RS
RS: X feminino: Patrícia Freitas | ICRJ / RJ
Finn: Jorge Zariff | ICRJ/ RJ
Nacra 17 Misto: Samuel Albrecht | Gabriela Nicolino | VDS – ICRJ / RS – RJ
Laser Standard: Robert Scheidt | YCSA / SP
49er FX: Martine Grael | Kahena Kunze | RYC – ICRJ / RJ
49er: Marco Grael | Gabriel Borges | RYC – ICRJ / RJ
Como acompanhar a vela em Tóquio?
As competições de vela nos Jogos Olímpicos possuem entre 10 e 12 regatas, variando conforme a classe em disputa. Os 10 melhores de cada classe disputam uma regata extra, a medal race, que oferece uma pontuação dobrada aos atletas.
Diferente de grande parte das modalidades olímpicas, a vela possui um sistema de pontuação invertido: o campeão é aquele que acumular menos pontos durante a competição. Quanto melhor colocado na regata, menos pontos um atleta ou uma equipe soma.
O vencedor será o velejador que, ao fim de todas as regatas, tiver acumulado menos pontos. Todos os competidores podem descartar o pior resultado na fase inicial das regatas. O percurso das regatas é definido pela organização, que forma uma linha imaginária com dois barcos para definir o ponto de largada e o de chegada.
Contornando as boias utilizadas para demarcar o percurso, os veleiros saem contra e voltam a favor do vento. As regatas podem ser adiadas e até mesmo canceladas pela falta de vento. Todas as embarcações de uma mesma classe devem ter dimensões idênticas. Dessa forma, o resultado é determinado exclusivamente pelo talento e estratégia dos velejadores.