Célio Furtado – Engenheiro e professor da Univali celio.furtado@univali.br

Estamos na metade do mês de dezembro, o calor se aproximando, dias quentes e de praias abundantes, um privilégio de nosso litoral. Estamos quase no verão, a tentação aumenta mas devemos permanecer em casa, com todas as precauções necessárias, pois estamos diante de uma segunda onda, tão intensa e letal como a primeira.

Vamos superar esse desafio, retornar à vida normal, porém, não podemos relaxar ainda, o enfrentamento continua, agora com a possibilidade real das vacinas. Há uma certa alegria precoce com o retorno ao normal, isso é bom, demonstra uma coisa maravilhosa que é a celebração à vida, um dom de Deus.

No entanto, podemos questionar qual a qualidade desse “normal, um velho normal ou um novo normal. Digo isso pensando que esse tempo todo de quarentena e reclusão em casa, necessariamente, provocou nas pessoas uma reflexão sobre a vida, o futuro e, principalmente, sobre a nossa frágil condição humana, nada mais do que “uma piscada de Deus”.

 Devemos ter uma atitude de quem se salvou de um naufrágio, de um próximo afogamento e voltou a pisar no chão firme e respirar o ar puro da vida segura. Sair da quarentena, andar pela cidade, frequentar as pessoas, mergulhar nas aguas salgadas de nosso litoral e pedalar bastante a bicicleta em nossas planícies, uma inigualável sensação de conforto e paz no coração. E as mudanças necessárias?

    Não podemos retornar ao velho normal, alguma coisa deve ser mudada, imagino, no plano pessoal, na relação com os próximos, no apego aos bens materiais e na relação com o sobrenatural, o espiritual, o divino.

  Isso depende de cada um, de cada individualidade e, confesso, não sou muito habilidoso no que se refere à literatura de autoajuda.  Evidentemente, todos nós lamentaremos e choraremos os mortos pela pandemia, vidas preciosas dizimadas pelo desconhecimento, pela precariedade dos recursos terapêuticos e, principalmente, pela ignorância e má vontade de algumas autoridades.

    Lamentar a crueldade de muitas autoridades no desvio da verba pública destinada aos respiradores e outros equipamentos e, não esquecer os que entraram na fila da Caixa Econômica, sem necessidade, para receberem o auxilio emergencial. 

   A corrupção é um problema grave, intrínseco à vida nacional, em todas as escalas; é real, porém, fere mais ainda nas condições de excepcionalidade, de sofrimento coletivo, algo como desviar recursos destinados aos flagelados, em tempo de enchentes.

  Não podemos voltar ao velho normal, também, na economia, devemos ter uma atitude de “Reconstrução Nacional”, promovendo e fazendo avançar reformas necessárias, esforço de economia, corte de gastos, para que sobrem mais recursos para as coisas fundamentais, como a infraestrutura e geração de empregos.

  Oficialmente, temos mais de catorze milhões de desempregados, gente fora dos sistema de produção e serviços, gente que já perdeu a esperança, os “barrados no baile”.

  O novo normal vai exigir uma atitude mais firme e proativa diante dos enormes desafios que estão diante de nossos olhos, miséria, saúde, educação e uma inserção mais pragmática e forte no contexto internacional. É o novo normal!

Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br


NR: Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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