Aprender a andar de bicicleta e descobrir o prazer de pedalar é uma cena mais incomum para as crianças de hoje. A falta de segurança nas ruas e a pandemia trouxeram sedentarismo e problemas emocionais para os pequenos. Esse é o cenário que a Escolinha de Mountain Bike vem mudando em Curitiba, desde março.

O projeto proporciona o acesso à bike a crianças entre 7 e 15 anos, em situação de vulnerabilidade social. A intenção é promover a evolução física, motora e cognitiva dos pequenos. E, por meio do esporte, atuar como uma ferramenta de apoio à educação, já que os alunos devem se manter na escola, com boas notas.

Em seis meses, os benefícios gerados pela Escolinha de Mountain Bike são visíveis. As crianças ganharam massa muscular, resistência física, desenvolvimento da coordenação motora e habilidades no pedal. Mas a maior mudança foi social. Alunos que chegaram ao projeto com quadros sérios de ansiedade e depressão, provocados pela pandemia, abandonaram o uso de remédios e melhoraram a sociabilização.

“É uma evolução fantástica. É impossível comensurar o tamanho do benefício que a prática do ciclismo traz para as crianças. Além do desenvolvimento físico, promove sociabilização, inclusão por meio do esporte, diminui a evasão escolar, traz mais responsabilidade, ensina sobre respeito e disciplina”, enumera a coordenadora Karla Simas.

Com 25 anos de experiência na fisioterapia, Karla Simas acompanhou o triatleta Juraci Moreira, um dos principais nomes da modalidade no Brasil, nas três Olimpíadas que ele disputou. Hoje, está à frente da clínica Incorp, especializada em ortopedia esportiva.

Evolução na bike

As aulas são realizadas duas vezes por semana, às 9 e às 15 horas, na praça em frente à Incorp, com o acompanhamento de um professor e um monitor. Quando o tempo está ruim, as crianças vão para dentro da clínica, onde podem fazer bike no rolo de treino. Além das técnicas de ciclismo, há fortalecimento muscular e exercícios funcionais. Os alunos contam com todo o material para treino, incluindo uniformes e bicicletas.

“Em todas as aulas, incentivamos os exercícios com cones e bastão. Nessa faixa etária as crianças se desenvolvem rápido. Nós realizamos uma avaliação física no começo do curso, outra após cinco meses e uma outra no final. Levamos em conta o peso, algumas circunferências do corpo, e também habilidades motoras. E temos visto uma evolução em todos os alunos”, explica Karla Simas. “Crianças que não conseguiam fazer uma volta inteira, por conta do sedentarismo, hoje fazem toda a aula. E, embora o projeto tenha um cunho mais educativo, já temos um aluno disputando Jogos Escolares.”

A Escolinha de Mountain Bike é viabilizada pela Lei de Incentivo ao Esporte, programa da Secretaria Especial do Esporte, Ministério da Cidadania e Governo Federal com a execução da Associação Curitibana Desportiva. Os patrocinadores são Electrolux e Thales.

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