O beach tennis é praticado em mais de 50 países e por mais de 1,2 milhão de pessoas, com sua maior popularidade ocorrendo na Itália, Brasil e Espanha. Nascido em areias italianas no início dos anos 1970, a mistura do tênis tradicional, vôlei de praia e badminton deu certo e a modalidade só fez crescer. Chegou ao Brasil em 2008. Primeiro no estado do Rio de Janeiro para se espalhar por todo o território nacional e atualmente soma 400 mil praticantes.

Como derivação da quadra, o beach tennis é uma espécie de versão light da modalidade tradicional. Com o crescimento do número de praticantes, o esporte está se profissionalizando cada vez mais e conta com atletas de alto nível. Só para relembrar, uma das pioneiras da modalidade no Brasil foi a tenista bicampeã pan-americana Joana Cortez, atual número 9 no ranking de beach tennis da ITF. O Brasil tem também, entre as top ten no feminino, Rafaella Miiller – número dois do mundo – e Manuela Vita – oitava no ranking. Já no masculino aparecem André Baran – sétimo do mundo – e Vinícius Font – número 9.

Fato é que, seja para recreação ou competição, é preciso ficar atento ao risco de lesões. A impressão que temos é de que o crescimento desenfreado da modalidade (com possibilidade de uso de equipamento inadequado, má orientação e falta de preparo prévio) poderá gerar o efeito inverso, ou seja, provocar o desinteresse pela modalidade por causa de queixas de dores ou desconfortos ou até mesmo uma lesão mais séria.

PARECE, MAS NÃO É
É um engano acharmos que o beach tennis é parecido com o tênis, pois a raquete é diferente (mais pesada), a bola é mais leve, a rede é mais alta e a quadra é menor e de areia. Talvez a maior semelhança seja na contagem dos pontos. Dificilmente um amador no tênis voleia e executa smashs e essa é a base da modalidade. E por isso a importância de se preparar adequadamente para a prática.

Mas o que tem agradado muito os praticantes é o fato de poder jogar em duplas e de não haver a necessidade de experiência com a modalidade, tornando o beach tennis um esporte democrático.

EVITE LESÕES
Ainda são poucos os estudos que avaliaram a incidência ou prevalência das lesões no beach tennis, mas um estudo conduzido por Marco Berardi e colaboradores em 2019, na The Physician and Sportsmedicine, encontrou alguns dados interessantes como:

Entre um total de 206 atletas (elite e recreacional), ocorreram 178 lesões em 92 jogadores (44,7%), o que representou uma incidência de 1,81 lesão por 1.000 horas de jogo.

Houve 77 lesões agudas (23,8% dos jogadores, incidência de 0,78% lesão /1.000 horas) e 101 lesões crônicas (36,6% dos jogadores, incidência de 1.03 lesão/1.000 horas).

Em relação ao local da lesão, o ombro foi a área lesionada com maior frequência. A principal lesão em membros superiores foi a tendinopatia crônica, enquanto a maioria das lesões agudas ocorreu em membros inferiores.

A incidência de tendinopatia lateral no cotovelo (tennis elbow) foi de 0,36 por 1.000 horas de jogo, ou uma prevalência de 4,2%. A incidência de lesões em jogadores de elite foi menor do que em jogadores amadores (1,71 vs 2,04 lesões/1.000 horas de jogo). Os jogadores recreativos tiveram mais lesões crônicas.

As causas podem ser variadas, desde erro no movimento para execução dos golpes até sobrecarga de atividade (aumento no volume e intensidade de treino/jogo). Como sempre, o ideal é tomar cuidados para evitar lesões que não somente poderão limitar os movimentos, como incapacitar a prática do esporte por períodos que podem ser longos, dependendo da necessidade do tratamento.

BOAS PRÁTICAS
Por isso, vamos listar boas práticas para minimizar o risco de lesões no beach tênis:

1 –  Faça um bom aquecimento antes de treino/jogo:
Membros inferiores: você pode correr em volta da quadra, fazer movimentação lateral e diagonal e saltos simples (simulando saque e smash);

Membros superiores: você pode utilizar uma faixa elástica ou um halter ou a própria raquete para o aquecimento. Uma dica simples é você simular os movimentos do seu braço dominante – usando esses acessórios e associar – combinando com os movimentos de pernas.

2 – Faça alongamentos pós treino/jogo (membros superiores e inferiores)
Uma dica é você manter os alongamentos por pelo menos 30 segundos, menos do que isso não fará diferença na recuperação e/ou prevenção.

3 – Estratégias pós jogo/treino
No pós treino/jogo você poderá utilizar outras estratégias para auxiliar na recuperação muscular e ficar pronto (a) para o dia seguinte, tais como:

– Liberação muscular: pode-se utilizar um rolo (foam roller) ou uma bola de tênis para ajudar na automassagem. Isso não precisa ser doloroso e a sensação logo após ou no dia seguinte é muito boa;

– Ledterapia: essas mantas são fáceis e muito práticas de utilizar. nós utilizamos muito para auxílio na recuperação;

– Massagem esportiva: também pode ajudar muito na recuperação pós treino / jogo, pelo menos tente uma vez.

Essas dicas são simples, práticas e eficazes. Mas sempre é fundamental reforçar a importância de contar com um profissional capacitado no acompanhamento dos treinos (profissional da educação física, fisioterapeuta, entre outros). Caso ocorra algum problema físico, envolvendo lesão, o fisioterapeuta pode ser o profissional de primeiro contato, a fim de avaliar e conduzir na recuperação.

Há a opção de se filmar no treino (todos os fundamentos) para se tentar identificar algum erro mais grosseiro, situação difícil de conseguir fazer a olho nu. Depois, deve-se trabalhar no processo de ajuste para que não sofra com as sobrecargas e possa ter problemas maiores no futuro.

O esporte deve ser saúde e lazer para atletas amadores. Aproveita ao máximo o beach tennis.

Referências:
1- Marco Berardi, Pascal Lenabat, Thierry Fabre and Richard Ballas. Beach tennis injuries: a cross-section survey of 206 elite anda reacreational players. Phys Sportsmed 48:173-178

Sobre Ricardo Takahashi – Diretor da Taka Fisioterapia Especializada, fisioterapeuta do Comitê Olímpico nos Jogos de Londres/2012, Rio/2016, Tóquio/2020, e sócio Fundador da Sonafe (Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e da Atividade Física), lidera um time de profissionais especializados, que acredita e trabalha a fim de colaborar com a saúde e qualidade de vida das pessoas por meio de um atendimento de qualidade, eficiente e, acima de tudo, humanizado.

Atuando como fisioterapeuta esportivo há mais de 20 anos, Taka, como é conhecido, agrega ao atendimento junto aos pacientes, a expertise de trabalhos desenvolvidos junto a equipes e grandes nomes do esporte nacional, como tenistas da equipe brasileira na Copa Davis, o piloto de Stock Car Rafael Suzuki e o velejador bicampeão olímpico, Robert Scheidt.

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