‘Nota falsa’
A sequência começa em 25 de maio, logo após as 20h, quando um funcionário da Cup Foods, um supermercado em Minneapolis, reportou uma nota falsa de US$ 20 à polícia.
Os eventos que levaram à morte de George Floyd ocorreram em um intervalo de 30 minutos
O funcionário acreditava que o dinheiro que George Floyd tinha usado para comprar um maço de cigarros era falsificado.
Floyd vivia em Minneapolis há vários anos, desde que se mudara de Houston, sua cidade natal no Texas.
Ele trabalhava como segurança em estabelecimentos da cidade, mas, como aconteceu com milhões de norte-americanos, foi demitido em meio à pandemia do novo coronavírus.
Floyd era um cliente regular da Cup Foods.
George Floyd tinh 46 anos e era pai de uma menina de 6
Floyd era conhecido como alguém amigável e gentil, que nunca causava problemas, disse o dono da loja, Mike Abumayyaleh, em entrevista à emissora NBC.
Mas Abumayyaleh não estava trabalhando no dia em que a prisão ocorreu. Ele afirmou que, a denunciar o bilhete suspeito, seu funcionário, um adolescente, estava seguindo o protocolo correto.
Na ligação para o 911, número do serviço de emergência dos EUA, o funcionário disse a uma atendendente que pediu que o homem devolvesse o maço de cigarros, mas que “ele (Floyd) não queria fazê-lo”.
O diálogo aparece em uma transcrição da chamada telefônica publicada por autoridades locais.
O funcionário afirmou que o homem parecia “bêbado” e que “não estava sob controle de si mesmo”, segundo a transcrição.
Logo após a chamada, aproximadamente às 20h08, dois policiais chegaram ao local.
Floyd estava sentado com duas outras pessoas em um carro estacionado em uma esquina.
Manifestantes fizeram um memorial para George Floyd em Minneapolis, Minnesota, nos EUA
Depois de se aproximar do carro, um dos policiais, Thomas Lane, sacou sua arma e ordenou que Floyd mostrasse as mãos.
Em um relatório sobre o caso, os fiscais não explicam por que Lane achou deveria sacar a arma.
O relatório diz que Lane “colocou as mãos em Floyd e o puxou para longe do carro”.
Ainda segundo o texto, mais tarde, Floyd “resistiu ativamente a ser algemado”.
Uma vez algemado, Floyd teria concordado quando Lane explicou que ele estava sendo preso por “usar dinheiro falso”.
Mas, quando os policiais tentaram colocar Floyd dentro da viatura policial, segundo o relatório, um confronto físico começou.
Por volta das 20h14, Floyd “ficou tenso, caiu no chão e disse aos policiais que era claustrofóbico”, diz o texto..
Neste momento, o policial Chauvin chegou ao local e, como os outros oficiais, tentou novamente colocar Floyd na viatura.
Durante essa tentativa, às 20h19, Chauvin puxou Floyd do banco do passageiro, “fazendo-o cair no chão”, diz o relatório.
Ele ficou ali, caído com o rosto para baixo, ainda algemado.
“Não consigo respirar”
Nesse ponto, testemunhas começaram a filmar Floyd, que parecia estar em estado de extrema angústia.
Esses momentos, capturados por vários telefones celulares e amplamente compartilhados nas redes sociais, seriam os últimos minutos da vida de Floyd.
Floyd estava sendo segurado por policiais quando Chauvin colocou o joelho esquerdo entre a cabeça e o pescoço do homem.
“Não consigo respirar”, dizia Floyd repetidamente, citando sua mãe e implorando: “por favor, por favor, por favor”.
Derek Chauvin, de 44 anos, foi preso e é acusado de homicídio
Durante 8 minutos e 46 segundos, Chauvin manteve o joelho sobre o pescoço de Floyd, segundo o relatório.
Passados os primeiros 6 minutos, Floyd ficou descordado.
Os vídeos mostram que, naquele momento, Floyd para de falar e testemunhas pedem que os policiais verifiquem seu pulso.
Um dos oficiais, Kueng, faz isso e não consegue identificar batimentos cardíacos.
No entanto, os oficiais não se mexem.
Às 20h27, Chauvin tira o joelho do pescoço de Floyd, que não se move.
Os policiais entao o colocam em uma maca e o levam de ambulância ao Centro Médico do Condado de Hennepin.
Morte gerou onda de protestos em todo o país
Eles o declaram morto quase uma hora depois.
Na noite anterior à morte, Floyd conversara com um de seus amigos mais próximos, Christopher Harris.
Ele havia aconselhado Floyd a entrar em contato com uma agência de empregos temporários.
A falsificação, observa Harris, não era algo que se esperaria dele.
“A maneira como ele morreu não faz sentido”, diz Harris.