O automobilismo tem diversas histórias de redenção ou superação, se preferir, de alguns pilotos. E isso pode vir a acontecer na Fórmula E nas rodadas decisivas da sexta temporada da categoria de carros elétricos, que serão disputadas em Berlim entre os dias 05 e 13 de agosto.

Tudo isso porque dois pilotos que perderam espaço no grid recentemente, terão a chance de reescrever suas histórias na Fórmula E. O caso mais recente e de maior notoriedade é o do alemão Daniel Abt, ex-Audi Sport ABT Schaeffler e agora, piloto da NIO 333 Team.

Abt participou de todos os eprix realizados na história da categoria. Mas, cometeu um erro durante um período de paralisação da Fórmula E por causa da pandemia de COVID-19: no Desafio Virtual da competição de carros elétricos em parceria com a UNICEF, colocou um piloto profissional de e-sports para correr em seu lugar e a farsa foi descoberta. Era uma brincadeira, ele disse. Mas, para a Audi não foi, e ele perdeu seu espaço na equipe.

Eis que após o ocorrido, a Fórmula E anunciou seu retorno as pistas para o Aeroporto de Tempelhof, em Berlim, para seis provas em nove dias e desta forma, definir o campeão da sexta temporada. A Audi anunciou o alemão René Rast, bicampeão no DTM pela montadora, para assumir o lugar deixado por Abt.

E Abt então passou a ser cogitado pela chinesa NIO 333 Team, que não pode contar com Ma Qing Hua (então o piloto titular) para o restante do campeonato. E ele ganhou a oportunidade que tanto queria: estará na “corrida de casa”, na pista onde viveu um de seus melhores momentos da carreira, quando venceu em 2018 justamente o ePrix de Berlim da quarta temporada.

Muitos questionam a qualidade de Abt como piloto. Associam sua entrada na categoria de carros elétricos porque seu sobrenome faz parte do nome oficial da Audi Sport ABT Schaeffler. Mas Daniel não é só isso: foram duas vitórias e dez pódios, além de ser o piloto com o maior número de voltas rápidas da história da categoria, com oito voltas. E vale lembrar que ajudou a equipe alemã a conquistar o título de construtores em 2018.

Abt agora terá a chance de mostrar que merece fazer parte do grid da Fórmula E. É lógico que não dá para comparar o carro da Audi com a NIO: a equipe chinesa sequer pontuou na sexta temporada, é a única inclusive que está zerada. Mas, Abt pode escrever sua história na categoria de uma outra forma, e deixar longe o que ocorreu no Desafio Virtual. E ele não é o único que pode escrever um capítulo de redenção no Aeroporto de Tempelhof.

Alex Lynn foi campeão da GP3 em 2014 correndo pela equipe Carlin, quando fez parte do programa junior de pilotos da Red Bull Racing. Então, passou a ser piloto de testes da Williams na F1 nos dois anos seguntes, até que participou de um teste pela Jaguar Racing na Fórmula E em 2016 em Donington Park e na sequencia, se tornou piloto resreva da DS Virgin Racing.

A chance de ser titular não demorou a acontecer: Lynn substituiu José Maria López na Virgin durante a rodada dupla de Nova York da terceira temporada da Fórmula E, e chegou chamando a atenção, cravando a pole position logo de cara. Aquele fim de semana, porém, não foi exatamente do jeito que ele queria, pois não terminou as duas provas.

Ainda assim, Lynn ganhou sua chance de mostrar serviço pela DS Virgin Racing na temporada seguinte, sendo companheiro de equipe de Sam Bird. Terminou o campeonato em 16º, e perdeu o seu lugar no time britânico.

Na quinta temporada, Lynn fechou com a Panasonic Jaguar Racing como piloto reserva, porém na metade do campeonato foi promovido a titular, com a saída de Nelsinho Piquet da equipe. O piloto britânico terminou o campeonato em 18º, e novamente perdeu a titularidade para a temporada seguinte, desta vez para o compatriota James Calado.

Novamente como reserva na Panasonic Jaguar Racing, Lynn apenas acompanhou de camarote as primeiras cinco etapas da sexta temporada. Nada parecia indicar uma mudança, até que Pascal Wehrlein, então piloto da Mahindra Racing, anunciou que estava deixando a equipe indiana.

A Mahindra está vivendo seu pior início de campeonato desde a primeira temporada da Fórmula E. Precisava de um piloto experiente para terminar o ano, e a escolha foi justamente Alex Lynn, que agora será o companheiro de equipe do belga Jérôme D’Ambrosio.

Tanto Alex Lynn quanto Daniel Abt, terão nove dias e seis provas para mostrar que todos que questionaram suas qualidades como pilotos, estavam enganados. A missão não será nada fácil, seus carros estão aquém do desempenho apresentado por seus adversários. Mas, essa foi a grande chance que surgiu em um horizonte sem perspectivas para ambos. Será que conseguirão aproveitar e superar as expectativas? Descobriremos no próximo mês.

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