Célio Furtado –
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br
Escrevo nessa noite após a leitura de jornais do final de semana, “O Estado de São Paulo”, “Folha de São Paulo” e o “Valor Econômico”, adquiridos sempre na Banca do Shopping Itajaí. Um hábito que sempre me acompanhou desde meus tempos de estudante, no Rio de Janeiro, na década de setenta.
Na minha fase carioca, lia sempre que podia o “Jornal do Brasil”, uma fonte importante de informação, cultura e análise de conjuntura. Sempre me atraíram os grandes artigos e também os editoriais, onde eu me atinha aos comentários e, principalmente, os estilos elegantes e precisos. Mesmo na época da Censura oficial, havia uma percepção dos textos cortados e as informações veladas, nos editoriais, entrevistas, de modo que sou muito grato aos profissionais do jornalismo e nutro profundo respeito pela “grande imprensa”, atualmente de origem paulista.
O nível de profissionalismo é cada vez mais acentuado, sendo que, dificilmente, encontramos, nesses referidos jornais, erros gramaticais, ortográficos e, certamente, a inexistência de uma expressão chula. Por força de atividade profissional, professor universitário, assessor e consultor, sempre dei uma atenção especial aos “cadernos de economia”, subentendendo o cenário econômico, financeiro e empresarial, ainda que a conjuntura internacional esteja sempre presente.
Depois de lidos os jornais semanais, tenho o hábito de repassar para o meu filho, o advogado Giordano Zaguini Furtado, um leitor voraz e equidistante em relação aos posicionamentos políticos. Além de repassar material importante ao meu filho, tenho o privilégio de comentar e discutir com ele as temáticas dominantes, os fatos mais relevantes, com benefícios mútuos no crescimento intelectual, pois, sabemos que a vida é um aprendizado continuo e permanente.
Vários fatos me prenderam a atenção no noticiário deste final de semana: a proximidade das eleições norte americanas, as eleições municipais no Brasil, a possibilidade de vacinas eficazes, as eleições na Bolívia e o cenário difícil da economia brasileira para os próximos anos.
Enquanto escrevo, vejo a confirmação da vitória do candidato à presidência da Bolívia, Luiz Arce, um homem ligado ao presidente Evo Morales, de esquerda. Um fato relevante para quem pensa a conjuntura latino americana, mostrando que, em política, nunca se está morto e acabado. Evo Morales, praticamente banido e enxotado da Bolívia, execrado pela nossa opinião dominante, de direita, voltou “com tudo”, retomando o poder, em um processo eleitoral aberto e democrático.
A esquerda não está morta e com a possibilidade da derrota eleitoral do Trump, torna-se necessário uma novo discurso do poder dominante, ou seja, a nossa política externa tem que ser reconstruída, dentro das suas características multipolar, com diálogos entre todas as nações do mundo, de um modo especial com a China comunista.
Não tem mais sentido nos atrelarmos ao poder norte americano; o Brasil sempre foi respeitado por todas as nações, como um país da tolerância, do ecumenismo religioso e do acolhimento de todos os emigrantes e exilados.
A vitória de Evo Morales nos forçará a olhar o mundo de um modo diferente e respeitar a escolha democrática do povo boliviano.
Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br
NR: Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.