Na última semana de outubro Frederico Hexsel,  corretor de imóveis na Flórida /EUA, esteve em São Paulo e parou sua atividade profissional – para conceder esta entrevista ao site mercadodenoticias.com.br

Adilson Pacheco – Editor

MN-  Como está o mercado de corretor de imóveis nos EUA?

Frederico Hexsel, –O mercado imobiliário norte-americano está aquecido! Ocorreram vários incentivos por parte do governo, entre os quais, a baixa nas taxas de juros dos financiamentos imobiliários, o que fortaleceu bastante o mercado interno. As relações com investidores estrangeiros sempre despertam muita atenção, afinal estamos falando da maior economia do mundo. O mercado de construções e crédito imobiliário representa ao redor de 18% do PIB americano.

MN- Onde é menos burocrático vender um imóvel, no Brasil ou nos EUA?

Frederico – Nos EUA, sem dúvida. Tive a oportunidade de estudar bastante a legislação rege o mercado imobiliário quando estava me preparando para tirar a licença de corretor do estado da Flórida. As leis, de maneira geral, são todas para estimular os negócios e como costumamos dizer no Brasil “para que a roda gire”. Por exemplo, um brasileiro não precisa estar nos EUA para assinar uma escritura e contrato de financiamento. Esses procedimentos podem ser feitos em qualquer consulado ou embaixada norte-americana no Brasil.

MN- Como um brasileiro se dá bem no ramo?

Frederico – Bom atendimento, todos querem e todos prometem. Eu trabalho com imóveis e existem milhares de profissionais na Florida que realizam o mesmo trabalho. Se eu trabalho com um produto que milhares de concorrentes têm, necessariamente tenho que me diferenciar em serviço e atendimento. Tenho como regra e meta responder a todas as mensagens no mesmo dia. Acrescento ainda ética, clareza nas informações, lisura e transparência. Trabalhei 25 anos no mercado financeiro e o aprendizado que tive durantes estes anos, sem dúvida faz toda a diferença.  Meu whatsapp funciona 24 horas por dia!

MN- Como foi seu início e suas principais dificuldades nos EUA?

Frederico – Já havia morado no exterior no período da minha adolescência por seis meses. Isto sem dúvida facilitou as coisas.  Nunca tive “medo” de mudanças, mas classifico a questão do idioma sem dúvida como o maior desafio. Se tivesse que dar um conselho, seria quanto ao estudo da língua inglesa, que depende muito de tempo, dedicação e, principalmente, a questão de ouvir e compreender o idioma. Hoje, com as ferramentas tecnológicas e redes sociais, temos infinitas possibilidades de aprendizado de forma quase que gratuita.

MN- Qual é o principal desafio?

Frederico – O principal desafio é desenvolver e estudar novos mercados que se adequem ao perfil do investidor brasileiro, particularmente considerando a região de Tampa e das praias do Golfo do México. Atuo em Miami e Orlando, onde moro há 10 anos e procuro estar sempre estar muito atualizado sobre todas novidades tecnológicas para que a experiencia do cliente seja a melhor possível, mesmo à distância seja a melhor possível. O tempo do cliente muitas vezes é escasso e precisamos otimiza-lo.

MN- Qual sua expectativa de vendas para 2021?  

Frederico – Tenho convicção que será um grande ano com crescimentos nas vendas e com um substancial incremento principalmente depois que acabarem as restrições de viagem. Claro que é muito importante que saia a tão desejada e sonhada vacina para que percamos o medo.  A Flórida e os EUA por si só atraem atenção de gente do mundo inteiro independentemente do que ocorra na economia. O mercado imobiliário historicamente apresenta-se como um investimento muito procurado por investidores de perfil conservador.  Acredito que há uma grande demanda reprimida por parte dos brasileiros que por ora estão impossibilitados de viajar para os EUA. Gosto muita de usar a frase do ex-presidente americano que conduziu o país após a grande crise da bolsa em 1929, Franklin Roosvelt. “Um imóvel não pode ser perdido, roubado ou levado por ninguém. Comprado em um bom negócio, pago integralmente e gerido com cuidado razoável, é o investimento mais seguro do mundo.”

MN- A Pandemia retraiu muito o setor de vendas nos Estados Unidos?

Frederico – Tivemos uma queda um pouco acentuada nas primeiras semanas quando, efetivamente estávamos em um ambiente de crise gerada pela pandemia covid-19 e pouco se sabia sobre a doença e protocolos de saúde. Porém, em algumas semanas o mercado interno já estava retomando.  Existe a famosa frase “em crise, surgem as grandes oportunidades”, o qual concordo plenamente depois do que venho vivenciando.

MN- Qual livro está lendo no momento?

Frederico – No momento estou lendo o livro “O poder do encantamento”, do ex CEO das Lojas Renner, Jose Gallo. 

MN- Melhor prato na gastronomia norte-americana e melhor da brasileira?

Frederico – Para mim, o melhor prato da cozinha norte-americana é o Cajun, culinária da Louisiana, descendente de colonos de origem francesa que está intimamente ligada às tradições culinárias francesas e espanholas trazidas pelos colonos que deram origem à “soul food”.

Já no Brasil, o churrasco é sem dúvidas a minha culinária favorita.

MN- Dá saudades do Brasil?

Frederico –  A qualidade de vida na Flórida é fantástica, mas lógico que tenho saudades sim. O Brasil tem muitas coisas boas e boa parte dos clientes que atendo são brasileiros! Acho que ninguém tem tudo o que gosta ao mesmo tempo. Eu vejo a minha mudança para ao EUA, como uma sequência de vida.  Já havia morado em quatro lugares diferentes antes de mudar para lá. Minha família não é (com acento) muito grande e moram todos meio espalhados por este mundo. Por isso, já estamos acostumados há muitos anos em manter o contato digital. Sinto falta do churrasco, dos amigos aquele de vida toda e uma vontade danada de estar em Porto Alegre no estádio quando meu time joga.

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