*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br

Escrevo nessa manhã ensolarada de agosto, como se fosse a primavera ou talvez o início do verão, pois, aparentemente, o inverno não chegou ainda. Entendo que a nossa percepção do tempo meteorológico varia muito e, quando me lembro dos invernos antigos, surge a imagem de criança esfregando as mãos (encarangadas), antes das aulas, para poder manusear o lápis e escrever as primeiras palavras ditadas pela professora. 

  A calça curta do uniforme escolar, com a camisa branca, no bolso a inscrição “VM”, Victor Meirelles e, nos pés, não me lembro, a “conga” ou a sandália de dedo, pois o que importa é o corpo, o tronco estar protegido pelo frio, pois, no recreio, tudo é corrida e brincadeira e tudo esquenta.

  Naturalmente, muitos invernos vão emergindo na lembrança de uma vida bem vivida, porém, o que me ocorre, no momento, é o tema do “aquecimento global”. De fato, já é um lugar comum, a referência ao efeito estufa, resultado de um aquecimento artificial do globo terrestre decorrente da intensa atividade econômica, ressaltando uma ocupação desordenada do planeta Terra, por nós, seres humanos.

   Desde o meu início de professor da disciplina de Administração da Produção, tenho disseminado junto aos alunos o conceito de desenvolvimento sustentável, nada mais do que um esforço produtivo individual ou coletivo que possa preservar o sustento atual e, principalmente, das próximas gerações. A poluição sempre esteve presente em todas as civilizações, queimadas, desmatamento, contaminação das águas e, desde que Adão e Eva foram expulsos do Paraíso, do Éden, a marcha civilizatória deixou um rastro, um custo ambiental, no inicio, irrelevante, até a chegada da Revolução Industrial.

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    A máquina a vapor, surgida nos meados do século XVIII, inicialmente na Inglaterra, provocou mudanças radicais e irreversíveis no homem urbano, moderno, nos últimos trezentos anos. A ânsia por produtividade e acumulação de capital menosprezou os impactos ambientais, dejetos industriais e humanos foram despejados impunemente nos rios, contaminando as águas, trazendo doenças antigas e modernas, principalmente às populações mais vulneráveis, os trabalhadores, a “força de trabalho”. Com a máquina de propulsão a vapor, uma potência descomunal foi liberada e, provavelmente, nesse momento, compreendemos melhor a lenda do Prometeu acorrentado, o qual teve a ousadia de roubar o fogo dos deuses.

   Um jovem estudante tem uma percepção mais acentuada dessa contradição entre a descomunal energia liberada pela Revolução Industrial e o desmonte do paraíso terrestre. Um educador deve, sempre que possível, trabalhar essas correlações, incutir junto aos alunos um pensamento crítico ambiental-ecológico, pois, estamos todos nós no “mesmo barco”.    

     Acrescidos aos impactos da indústria, toda a modernidade econômica atual, tem um efeito devastador do globo terrestre e, olhando do avião, o mundo e o Brasil estão virando um imenso “pasto”, uma paisagem que não pode alegrar uma mente saudável.

   Nesse momento terrível, prenhe de incertezas, dessa pandemia atroz que já matou mais de cem mil brasileiros, temos que ficar “ligados”, pois a devastação ambiental, certamente, atrairá novas pandemias, novos flagelos para a Humanidade.

  Ainda é tempo de reversão desse mórbido quadro!

Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br


NR: Os artigos assinados são de inteira responsabilidade de seus autores.

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