A preocupação em organizar e planejar as finanças para fechar o mês no azul se intensificou durante a crise da Covid-19
Anotar todas as despesas do mês, comparar com a renda fixa e identificar possíveis cortes e economias são hábitos que ganharam força durante a pandemia da Covid-19. Com as incertezas frente ao desemprego, aumento do dólar e os altos preços dos produtos no supermercado, a educação financeira se tornou ainda mais necessária.
Uma pesquisa realizada no final do ano passado aponta que 47% dos 1.501 entrevistados passaram a fazer planos para o futuro por causa da crise e 90% admitiram ter a necessidade de uma educação financeira. O estudo foi feito pelo Instituto Locomotiva, em parceria com a Xpeed, braço de educação financeira da XP e apontou uma mudança no comportamento do brasileiro.
A consultora financeira pessoal Nathália Fernandes explica que muitas pessoas acreditam que a consultoria financeira não é apenas para quem tem muito dinheiro. “isso não é verdade. Conseguimos trabalhar com qualquer regime de trabalho e em todas as etapas da vida”, afirma.
Segundo ela, com a pandemia, o planejamento financeiro se tornou ainda mais importante para gerenciar esse momento de crise, já que a ferramenta eleva o nível de conhecimento e de educação financeira das pessoas. “Com conhecimento, a pessoa conquista consciência, toma melhores decisões e obtém melhores resultados que afetam toda a sua vida, não apenas na esfera financeira. Então, desenvolver a consciência financeira é de grande valor, especialmente em momentos de instabilidade e em que precisamos rever nossos hábitos e fazer diferente para termos resultados diferentes”, completa.
Conhecimento – A pesquisa apontou ainda que 63% dos entrevistados afirmaram ter apenas conhecimento básico sobre educação financeira. Esse era o caso da psicóloga Mariana Ortiz, que procurou ajuda para planejar a aposentadoria trabalhando como autônoma. “Eu resolvi procurar a consultoria financeira porque tinha alguns planejamentos em aberto, como a aposentadoria. Vinha organizando sozinha, mas me sentia um pouco perdida. Então, busquei ajuda para saber se estava no caminho certo, até porque sou muito leiga no assunto e estava me sentindo insegura”, diz Mariana.
As dúvidas sobre a previdência privada também motivaram a médica veterinária Katiane Iribarrem a buscar ajuda. “Com a avaliação da consultora financeira, eu entendi que o que eu tinha antes não era uma previdência privada, e sim um seguro de vida. Algo completamente diferente, mas que eu não sabia. E hoje eu tenho as duas coisas por praticamente o mesmo valor. Foi essencial ter alguém com conhecimento me aconselhando e fazendo os orçamentos para que eu pudesse alcançar meu objetivo da forma mais certeira possível”, afirma.
Por falta de conhecimento, muitos ainda têm a visão de que um planejamento financeiro é algo muito difícil de ser realizado, como era o caso da fotógrafa Daniele Antunes, que imaginava esse processo como algo inalcançável e cheio de termos técnicos, mas hoje entende que é muito simples e palpável. “A consultoria financeira tem me ajudado a ter uma visão mais ampla do meu faturamento, podendo me planejar melhor a longo prazo. Antes, minha vida financeira era uma bagunça, misturando a parte pessoal com a empresarial”, afirma.
Quem auxilia nesse processo é o planejador financeiro, responsável por traduzir a matemática para o seu cliente: quanto gastar, quanto investir, onde economizar, qual a melhor forma de comprar, como combinar diferentes objetivos em horizontes de tempo distintos. “O processo de ganhar, investir e gastar dinheiro pode parecer algo simples, mas não é. Isso porque o dinheiro mexe muito com as emoções das pessoas. E nesse processo, o planejamento financeiro é muito mais sobre pessoas do que sobre números. O consultor financeiro vai utilizar toda sua bagagem técnica para levar o cliente a realizações emocionais. O dinheiro é objetivo e quantificável, mas os projetos e sonhos do cliente são subjetivos”, explica Nathália.
Com o auxílio de um especialista, Mariana conta que conseguiu se organizar e ter mais segurança sobre investimentos. “A consultora organizou bem as minhas finanças, mostrou o que eu podia mudar na minha rotina para melhorar as economias. Como eu sou autônoma e não tenho salário fixo, ela me ajudou bastante nesse ponto. Eu me senti bem mais segura e organizada”, afirma.
Dicas para começar
O primeiro passo para um planejamento financeiro consolidado é rever a vida financeira para começar a se organizar. Nathália aponta cinco dicas fundamentais para alcançar esse objetivo:
Mapeie seus gastos: Quanto e onde você está gastando? Qual é o seu ponto cego? Monitore e identifique para onde estão indo os seus gastos. Isso ajuda a gastar menos por impulso.
Diminua as despesas: Organize seu orçamento mensal para não exceder 50% em gastos essenciais (moradia, alimentação, saúde, etc) e 30% em gastos pessoais (ou “vontades”, como lazer, viagem, cinema). Dessa forma, você conseguirá poupar 20% da sua renda.
Viva abaixo do que ganha: Não gaste toda sua renda e invista, pelo menos, 20% do que ganha mensalmente. Se ainda não for possível, comece aos poucos, até chegar a esse patamar. Quem vive abaixo dos seus meios são pessoas realistas e que sempre possuem dinheiro investido.
Possua uma reserva de emergência: Ter essa reserva vai te trazer paz financeira. Esse fundo é exclusivo para cobrir eventos inesperados, como reparos em casa, doenças ou perda de emprego. Se você ainda não tem, comece ontem a poupar para formar sua reserva.
Defina metas intermediárias: Trace metas pequenas para visualizar o seu avanço e ganhar motivação. Detalhe seu planejamento, entendendo o que esperar e quais as metas parciais. Sem isso, você pode ficar com a impressão de que o plano não está dando certo.