No dia do Professor da Educação Física, relembre histórias do papel desse profissional na vida de grandes atletas e descubra ações para valorizar esse trabalho em um congresso on-line e gratuito
O que o campeão olímpico Joaquim Cruz, a nadadora Etiene Medeiros, a ginasta Flavinha Saraiva, o jogador de basquete Yago Mateus, a paratleta Verônica Hipólito e o escritor Rui Barbosa têm em comum? A resposta é: a educação física e o esporte. Na semana passada, quando se comemorou o Dia do Profissional de Educação Física no Brasil (1º de setembro), as histórias desses personagens formam uma linha do tempo para retratar a importância dessa área educacional. E a necessidade de seguir investindo na formação e capacitação para assegurar a prática esportiva como ferramenta de transformação das pessoas e, consequentemente, da sociedade.
Em 1883, Rui Barbosa defendeu a educação física nas escolas como fator para o desenvolvimento físico, mental, intelectual e social. Na década de 1970, a insistência do professor Luiz Alberto de Oliveira tirou Joaquim Cruz do basquete e o transformou no único brasileiro campeão olímpico em provas de pista. A partir dos anos 1990, o esporte nacional se desenvolveu de forma mais rápida e amplamente. Não por acaso, esse fato se intensificou a partir de 1º de setembro de 1998, com a aprovação da Lei Federal nº 9696, que regulamentou a profissão e criou os Conselho Federal e Regionais de Educação Física. Justamente por isso, a data foi escolhida para comemorar o Dia do Profissional de Educação Física.
Nomes como Flavinha Saraiva, Yago Mateus, Etiene Medeiros e Verônica Hipólito são apenas quatro de incontáveis casos de futuros campeões despertados em aulas de educação física. Flavinha começou a praticar ginástica em um projeto social criado por Georgette Vidor no Rio de Janeiro. Incentivada a desenvolver seu talento, participou de um teste, passou e integrou o time de treinamento a partir do qual despontou para se tornar um dos principais nomes do Brasil na modalidade, campeã mundial, medalhista pan-americana e atleta olímpica. “Lembro de todos os professores que já tive. Não tem como esquecer quem nos ensinou confiança, disciplina, entre tantas coisas incríveis”, diz Flavinha.
O caso de amor de Yago com a bola de basquete começou em casa, na cidade de Tupã, interior de São Paulo, aos seis anos de idade. A inspiração vinha de Adriano, irmão mais velho, e se consolidou na creche Casa do Garoto. O professor e treinador Cleiton Lima viu a vontade e o potencial do garoto de sete para oito anos e o colocava para jogar nas equipes sub-10 e sub-11, já como titular. Os anos se passaram e ele se tornou armador da seleção brasileira. “Muitas das coisas boas e dos valores que eu carrego, trago dos professores de educação física e treinadores que me acompanharam ao longo desses anos”, comenta o atleta.
O caso de Verônica Hipólito, campeã mundial e medalhista paralímpica em provas de velocidade, reforça outro ponto importante: a parceria entre a educação física e a família. Foi em função do apoio dos pais e de professores de diferentes modalidades que ela foi capaz de superar dificuldades como um AVC, uma cirurgia para a retirada de 90% do intestino grosso infestado por 200 tumores, três operações para combater um tumor no cérebro e se manter como um dos principais nomes do Brasil no paradesporto. “Sei que nesse dia 1º de setembro se comemora o dia do profissional de educação física e gostaria de mandar os parabéns a todos os professores e professoras. O trabalho deles faz muita diferença na vida de muita gente. Na minha fez. E ainda faz”, garante Verônica.
Etiene Medeiros descoberta logo cedo – Aos quatro anos de idade, Etiene acabava uma aula na escolinha de natação no bairro onde morava com a família, no Recife, quando sua mãe ouviu uma frase inesperada da professora de natação Goretti Farias. A piscina, de cerca de 15 metros, estava ficando pequena para ela. Ao ver a desenvoltura da menina, a professora entendeu que ela poderia tornar-se uma atleta no futuro. E assim abriu mão daquela joia bruta para que outro profissional, com melhores condições, pudesse lapidar. Algum tempo depois, Etiene ingressava no Sport e, aos 12 anos, transferiu-se para o Sesi, onde, sob orientação de João Reinaldo (Nikita) evoluiu até se tornar a primeira mulher do País a ser vice-campeã mundial junior e depois conquistar uma medalha de ouro em um mundial de natação para o Brasil, já com o técnico Fernando Vanzella. “Só posso agradecer a todos os profissionais de educação física, que, de um modo ou de outro, ajudaram a moldar a atleta que me tornei”, afirma Etiene Medeiros.
Essas são apenas quatro de incontáveis histórias do poder transformador do esporte na vida das pessoas. E a fim de valorizar o professor de educação física, estão abertas desde a semana passada, as inscrições para o Liga Nescau Summit 2021, evento on-line e gratuito para profissionais da área interessados em ampliar os horizontes do conhecimento teórico e prático. O evento começa no dia 22 de setembro e, para participar, basta acessar o site www.liganescau.com.br. O congresso tem como objetivo não apenas valorizar, mas oferecer ferramentas para o trabalho dessa classe educacional, uma das que mais sofreu com as limitações e o isolamento gerados pela pandemia.
Sedentarismo tem números alarmantes – Além das histórias, os números reforçam a importância da prática esportiva para a saúde do brasileiro. Segundo Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019, do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ), apenas 40,3% da população de 18 anos ou mais de idade foram classificados como insuficientemente ativos. O estudo, divulgado no final de 2020, é o mais recente da área e indica que 60% dos brasileiros nessa faixa etária não praticaram atividade física ou praticaram por menos do que 150 minutos por semana.
Já pesquisa realizada pela Ipsos aponta que o Brasil tem o mais baixo índice de prática esportiva entre 29 países. Os brasileiros dedicam três horas por semana à atividade física, em média, enquanto a média global é de seis horas semanais. O líder desse ranking é a Holanda, com 12,8 horas. O estudo ouviu 21.503 adultos – sendo mil brasileiros, com idades entre 16 e 74 anos. Os dados foram colhidos entre 25 de junho e 9 de julho de 2021 e a margem de erro para o Brasil é de 3,5 pontos percentuais.
Falta de tempo e dinheiro foram os motivos mais alegados pelos brasileiros para justificar a baixa adesão às atividades físicas. Porém, a experiência comprova que crianças expostas ao esporte durante a faixa escolar se tornam adultos mais ativos. Por isso, a data da entrada em vigor da lei 9696/98, que dispõe sobre a regulamentação da profissão e criou o Conselho Federal e os Regionais de Educação Física, é o Dia do Profissional de Educação Física.
Sobre o evento – O Liga Nescau Summit é um derivado da competição estudantil que leva o mesmo nome e chega à sétima edição em 2021. Nasce para valorizar o trabalho do professor e respaldado pela Instituto Esporte & Educação (IEE), criado pela medalhista olímpica e curadora do congresso Ana Moser, e que será encarregado de fornecer certificado aos participantes. Todas as quartas-feiras, entre 22 de setembro e 3 de novembro, a partir das 19h30, os profissionais de educação física poderão se conectar pelo site (www.liganescau.com.br) e acompanhar conteúdos exclusivos, desde palestras e entrevistas com grandes nomes do esporte a vivências práticas com atividades tanto no ambiente físico como no digital. Essa ação visa ampliar a capacitação em tempos de aulas diferenciadas, sejam 100% digitais ou mesmo híbridas.
Entre os nomes do esporte que participarão do Summit, destaque para os embaixadores da Liga Nescau. O time de peso escalado para incentivar a garotada à prática esportiva e que vai conversar também com os professores de educação física conta com Falcão, o maior jogador de futsal de todos os tempos; Etiene Medeiros, primeira mulher brasileira campeã mundial de natação; Yago, considerado uma das maiores revelações do basquete nacional da década de 2010; Flávia Saraiva, dona de sete títulos em Copas do Mundo de ginástica; e Verônica Hipólito, tricampeã pan-americana e campeã mundial no atletismo paralímpico.