*Célio Furtado
Engenheiro e professor da Univali
celio.furtado@univali.br

Em artigo anterior, apresentei algumas reflexões sobre o um possível quadro econômico pós-pandemia, levando em consideração algumas informações disponíveis sobre a realidade brasileira. Vivemos em um quadro recessivo, com queda da renda per capita considerável, indicando um empobrecimento da nossa população.

Por outro lado, o setor dos mais ricos aumentou ainda mais a sua fatia no quadro do enriquecimento, ou seja, os ricos ficaram ainda mais ricos, e os pobres ficaram ainda mais pobres. Isso não é novidade; todos nós sabemos da grande concentração de renda no país, com um alto índice de Gini, o qual em texto anterior, eu o defini como o índice que mede o grau de concentração, variando de “zero a um”. O problema da desigualdade social e da concentração de renda tem sido objeto de estudo de várias gerações de estudiosos, especialistas que, preocupados com o problema, buscam alternativas teóricas e práticas para a superação desse sério obstáculo. Entendo a desigualdade de renda como um problema com fortes raízes em nossa formação econômica, desde os tempos da escravidão.

Com a democratização da sociedade, o avanço das conquistas individuais e coletivas, abriu-se o leque de ofertas de oportunidades, muitas pessoas obtiveram a ascensão social, saíram da miséria, atingiram novo patamar dentro da sociedade de consumo, conquistaram o diploma universitário e prosperaram.

No entanto, o país não cresceu, não teve a arrancada esperada, com índices medíocres anuais de aumento do PIB, e, como causa e consequência, a produtividade individual não cresceu. Faltou e falta ainda um investimento inteligente em educação e, principalmente, no que se refere ao ensino profissionalizante, dentro dos padrões mundiais. Refiro-me à necessidade de incorporar novas tecnologias, disseminar os conhecimentos de vanguarda, principalmente no campo da inteligência artificial, na biotecnologia, engenharia de materiais, robótica e tantos outros campos.

 Parece lugar comum falar na China, o avanço considerável da Robótica, do alto nível de produtividade da indústria chinesa, a grande articulação entre universidade e empresa, dentro de um grande esforço nacional, orientado para o projeto maior geopolítico. O mesmo vem acontecendo na Índia, hoje um país de vanguarda em  tecnologia de ponta, uma grande comunidade de cientistas e matemáticos que estão mudando rapidamente o perfil econômico e estratégico daquela grande nação. Na Índia, pelo menos uma população do Brasil, cerca 200 milhões de pessoas falam o inglês com “fluência de Londres”, as universidades e centros de pesquisa da Índia estão articulados com o mundo todo e, cada vez mais aparecem no mercado de livros e palestras, grandes cérebros indianos.

Artigo anterior de Célio Furtado!

  O poder estratégico da Ciência e Tecnologia para o desenvolvimento nacional é o caminho necessário para combatermos as desigualdades sociais, aproveitar a inteligência natural de nossos jovens, hoje, tão ociosos e mal aproveitados, distraídos com coisas tão fúteis e supérfluas, vivendo “sem destino”, ou melhor,“sem lenço e sem documento”. Acredito no ensino profissionalizante.

 Fiz parte do grupo que formou a Feapi, Fundação do Ensino Profissionalizante em Itajaí, no primeiro governo Volnei Morastoni, uma experiência marcante.

 Pequena semeadura com bons resultados!

Célio Furtado, nascido em 1955/ Professor da Univali/ Formado em Engenharia de Produção na Universidade Federal do Rio de Janeiro/ Mestre Engenharia de Produção/ Coppe/Ufrj/trabalhou no Sebrae Santa Catarina e Rio de Janeiro. Consultor de Empresa/ Comunicador da Rádio Conceição FM 105.9/ celio.furtado@univali.br

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